sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Diversidade cultural é tema de debate que abre Festival

O debate “Prosa à Beira do Fogão”, que abriu o I Festival Internacional de Cultura Popular Vozes de Mestres, às 10hs da manhã, teve como tema a diversidade cultural. E para debater o assunto, nada melhor que uma mesa redonda composta por autoridades no assunto e um público interativo, com os ouvidos atentos e perguntas na ponta da língua.
O professor da PUC Minas e coordenador do Observatório de Diversidade Cultural e da Diretoria de Arte e Cultura da PUC Minas, José Márcio, deu início à prosa, afirmando que a diversidade cultural no Brasil é reflexo da diversidade negra. Para entendê-la, é preciso estudar muito, não só para compreendê-la, como também para chegarmos à fraternidade. “Não somos todos iguais e bendita seja a diversidade. Somos uma potência cultural”, destacou.
Dando continuidade, o gerente da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (SID/MinC), Américo Córdula, se mostrou de acordo com Márcio e acrescentou que precisamos mostrar para o Brasil o que é o Brasil. Para isso, é indispensável levar ao jovem, que se encontra seduzido pela globalização, a nossa identidade. Córdula defendeu que as faculdades precisam colocar no campo acadêmico pessoas protagonistas de nossa história. Segundo ele, são movimentos como o Festival Vozes de Mestres que introduzem os mestres da cultura popular nas academias e assim ajudam a mudar a história.
Mudando um pouco o rumo da prosa, Dona Valdete encantou toda a roda com a história do grupo Meninas de Sinhá, do qual é a fundadora. Ela contou que sempre via mulheres saindo dos centros de saúde, levando vários remédios. Então, conversando com elas, percebeu que não estavam doentes. A partir desse momento, sentiu necessidade de fazer algo por elas. Foi quando as convidou para bater um papo e, posteriormente, para fazer trabalhos manuais.
Mesmo após estas iniciativas, Dona Valdete percebeu que o problema não havia sido resolvido. Ao participar de uma oficina de expressão corporal para idosos e gestantes, ela teve a brilhante idéia de praticar a atividade com as “meninas”. Começaram, então, com expressão corporal e brincadeiras infantis. O primeiro nome do grupo foi “Lar Feliz”. Tempos depois, passou a se chamar Meninas de Sinhá.
A fundadora do grupo ressaltou que “cultura também é saúde”. Retomando a diversidade cultural, José Márcio deixou claro que temos que desejar a diversidade, que se difere da biodiversidade, obra da natureza. O professor observou, ainda, que é fundamental saber conviver com a diversidade, para que no futuro não sejamos esquecidos como “peças de museu”.
Também participou da mesa redonda o Presidente da Comissão Mineira do Folclore, Carlos Felipe. Para o jornalista e pesquisador, a abertura para festivais de cultural popular é reflexo da mudança do país, que está começando a se encontrar.
O público também participou ativamente do debate, fazendo intervenções, discutindo assuntos como religião, trocando idéias e experiências de vida. Merivaldo Alves, da banda Mestre Librina, de Pernambuco, emocionou a todos com a poesia “O Plantador de Milho”, da poetisa Dadete Bandeira, que retrata, de forma graciosa, o assunto em pauta.

Por Micheli Albanez

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